Em uma era de caos digital, legitimamente gravitamos para as consideradas fontes confiáveis de informações. Para designers, isso geralmente significa diretrizes definidas por gigantes como Google ou Apple. Com a mudança para um mundo de buscadores para celular, mitos sobre interfaces móveis podem crescer em um ritmo frenético.
De alguma forma, muitos conceitos móveis evoluíram para praticamente verdades bíblicas, quando na verdade sua intenção/utilidade poderia ser considerada caso a caso — mais ou menos como o que acontece em hypes tecnológicos.
Para ajuda a conter esta insanidade, apresentamos uma série com 5 mitos de interface mobile, na seguinte ordem:
- Mito 1: usuários móveis estão sempre com pressa
- Mito 2: sites móveis requerem menos features
- Mito 3: simplicidade é bom, complexidade é ruim
- Mito 4: diretrizes não podem ser quebradas
- Mito 5: designers e visitantes pensam igual
Então, para não cair em diversas furadas quando o assunto for comportamento de pessoas usando dispositivos móveis, veja, nesta primeira parte da série sobre mitos de interface mobile, a desmistificação de que usuários móveis estão sempre com pressa.
Mito 1: usuários móveis estão sempre com pressa
Por algum motivo cósmico-misterioso, mesmo que Luke Wroblewski já tenha desmistificado em 2011 (!) que “usuários móveis” estão sempre com pressa em seu livro Mobile First, muitos ainda caem nessa tremenda pegadinha quando leem/escutam algo a respeito.
Na verdade, nem mesmo ficamos tão distraídos assim quando usamos dispositivos móveis. Embora esse contenha pedaços de verdade, obviamente não é essa a realidade.
A verdade: conheça as pessoas que visitam/usam seu(s) site(s)
Não há dúvidas de que velocidade em dispositivos móveis é a chave — o fato de a Google ter apostado em uma tecnologia como o AMP serve como um forte lembrete da importância do tempo de carregamento de web sites (apesar de críticas severíssimas a respeito). O que é menos discutido sobre isso é que você nunca saberá quais desses “estereótipos” se aplicam ao seu(s) site(s) a menos que conheça seu público-alvo.
Ilustrativamente, veja esta informação de Analytics de um site qualquer:
Perceba que quase não há diferença no tempo gasto no site quando comparadas durações nas sessões desktop e mobile. No caso da empresa deste Analytics, a maioria dos visitantes vêm de busca orgânica, então esta captura de tela é bastante representativa do tráfego geral do site.
Acha que é um caso isolado? Então veja o que mostra o Analytics aqui mesmo do desenvolvimento para web, analisando os mesmos dados:
Não parece que as pessoas usando dispositivos móveis estão com tanta pressa assim, hã?
Deve-se assumir que todos os sites têm análises como essas? Claro que não. Deve-se assumir que “Duração média da sessão” é o indicador perfeito e único de conversões? Também não. A duração da sessão não significa tudo, mas que a audiência de cada site se comporta de forma diferente e que você precisa entender seu(s) próprio(s) público(s).
Algumas dicas para compreender melhor a audiência de seus projetos na web:
- Conheça os objetivos do seu site. Você planeja usar o site/app como um novo fluxo de receita? Quer superar seus concorrentes mostrando o quão inovador você é?
- Descubra quem é seu público-alvo. Uma personagem do comprador pode ser útil para isso. Entre dentro de suas cabeças. O que eles precisam? O que eles estão procurando? Que problemas eles estão tentando resolver? Eles estão prontos para se sentar e ler posts longos? Preferem um vídeo rápido?
- Teste ideias. Antes de lançar quaisquer mudanças, faça um ponto para obter feedback dos clientes. Não hesite em testar; saber o que funciona e o que não funciona de antemão facilitará o processo de design e desenvolvimento.
Fim da primeira parte sobre mitos de interface mobile
Chega ao fim a primeira parte da série sobre mitos de interface mobile. Neste artigo, evidenciou-se que não é certo afirmar que pessoas usando dispositivos móveis o fazem sempre com pressa e/ou distraídas, conforme exemplos de Analytics apresentados — se você observar dados de tráfego do seu(s) próprio(s) site(s), não se espante se encontrar dados parecidos.
Invista um tempo revisando o Analytics de seu(s) próprio(s) site(s) e procure entender a intenção de seu público e o que se esconde atrás dos números crus.