Gamificação (Gamification), apesar de não ser nenhuma novidade em desenvolvimento web, ainda causa muitas confusões e mal entendidos. Para ajudar, apresentamos esta introdução à gamificação.
Quando éramos crianças, muitos de nós já passamos pela situação de nossa mãe dizer que só poderíamos brincar depois de fazer o “Para casa” da escola. Alguns, possivelmente, já podem ter intuído, já naquela época, a existência de 2 grupos:
- O grupo da brincadeira. É permitido brincar e comer doces.
- O grupo sério. É preciso ir à escola e comer vegetais.
Agora que somos crescidos, ao se pensar em algumas coisas que fazemos online, ironicamente acontece uma situação semelhante. Enviamos e-mails, compramos coisas ou compramos ingressos e levamos isso muito a sério. Mas também nos divertimos assistindo o mundo no Instagram ou assistindo a vídeos no YouTube de uma prensa hidráulica esmagando jujuba de ursinho…
Ainda assim, por que essas atividades são diferentes? O que faz algumas delas serem divertidas e outras não? E como podemos torná-las ainda mais divertidas?
Voltando-nos para jogos: o que é diversão?
O Dicionário Cambridge informa que diversão é “comportamento ou atividade que é agradável ou divertido”. A parte interessante, porém, é que seu antônimo não é classificado como “sério”, mas “chato” (boring).
Então, na maioria das vezes, nós, intencionalmente, desenvolvemos produtos que não têm a intenção de serem divertidos de se usar; não desenvolvemos pensando seriamente sobre a experiência de quem vai usar; desenvolvemos através de uma perspectiva… Chata — é verdade que pode ser uma experiência usável e eficiente, mas não necessariamente menos enfadonha.
Felizmente, existe algo que pode ajudar com isso, que é precisamente o conceito de gamificação (gamification).
Em algum momento, percebemos que os jogos são as coisas mais divertidas que temos, então fez sentido “pedir emprestado” um pouco de sua essência. E é isso que gamification realmente é.
Gamificação é o processo de adicionar elementos de jogos a produtos ou serviços não relacionados a jogos. Tuitar isso
Os 5 componentes da gamificação
Autores que escreveram extensivamente sobre gamificação, como Karl Kapp, Kai Erenli e Darina Dicheva, mencionam vários componentes constitutivos de um sistema “gamificado“. Pelo menos 5 deles são absolutamente essenciais para um sistema gamificado ser bem sucedido.
1. Objetivos/Metas (Goals)
Defina objetivos/metas (goals) para os jogadores, pois eles dão um senso de propósito ao sistema. Eles nos deixam satisfeitos quando bem-sucedidos e nos fortalecem com um sentimento de realização quando os alcançamos – um componente essencial da diversão.
2. Regras (Rules)
Concorde com as regras (rules) do “jogo”. Limitações realmente nos ajudam a nos tornar mais criativos e nos permitem apreciar a diversão. Regras são ações repetitivas e contínuas que os jogadores precisam fazer e estão totalmente integradas à principal oferta do produto/serviço.
O melhor tipo de regra é simples de entender e executar e requer pouca ou nenhuma “entrada” (input) por parte do jogador. Cada pequena coisa que você pede será seguida por uma conversão, por isso, mantenha as regras simples.
3. Feedback
Dê feedback aos jogadores (neste contexto, especificamente feedback de progresso). Jogadores precisam saber como estão se saindo no contexto dos objetivos/metas definidos e as regras com as quais eles concordaram.
Existem diferentes formas visuais para isso, como barras de progresso, níveis, mensagens de encorajamento, animações etc.
4. Recompensas (Rewards)
Ofereça recompensas (rewards) aos jogadores; coisas que eles recebem pelo tempo e esforço dedicados.
Podem ser desde “medalhas” (badges), pontos, troféus, constar em tabelas de classificação (leaderboards), adesivos, avatares, até ganhos materiais reais, como dinheiro e/ou objetos.
5. Motivação (Motivation)
Ofereça motivação para os jogadores agirem.
Existem 2 tipos: motivação intrínseca — a que vem “de dentro”, como curiosidade, orgulho ou senso de realização — e motivação extrínseca — que vem “de fora”, como dinheiro, notas ou elogios.
Outros 2 componentes de gamificação
Fora estes 5 componentes essenciais para sistemas gamificados, existem (pelo menos) outros 2 que são bons de se ter.
1. Liberdade de escolha (Freedom of choice)
Um sistema será divertido somente quando os jogadores escolherem participar voluntariamente dele e seguir as metas e regras, não quando eles são forçados (ou enganados) a isso.
2. Liberdade para falhar (Freedom to fail)
O fracasso sem consequências mantém os jogadores mais envolvidos do que quando estão sendo punidos, já que podem tentar novamente. Negar isso a eles, dificulta seu envolvimento.
Fim da primeira parte sobre introdução à gamificação
Neste primeiro artigo da série, foram vistos os princípios gerais básicos presentes em qualquer sistema gamificado. Como citado, podem existir mais, mas estes certamente são os essenciais:
- Objetivos/Metas (Goals)
- Regras (Rules)
- Feedback
- Recompensas (Rewards)
- Motivação (Motivation)
Fora outros princípios acessórios que também podem existir, 2 recebem destaque:
- Liberdade de escolha (Freedom of choice)
- Liberdade para falhar (Freedom to fail)
Na segunda parte da série sobre introdução à gamificação, serão apresentadas algumas vantagens e considerações em gamificar uma aplicação.